As 10 (dez) BARREIRAS AO BEM-ESTAR

Como é possível se optar por passar bem? Esta é uma pergunta que nos é formulada centenas de vezes e como também no curso da terapia individual ou grupal.

E quais são as barreiras ao bem-estar?

O desejo de poder interferir – até onde for possível – visando o próprio bem-estar psicoemocional, parece estar intimamente conectado com o questionamento presente acima mencionado.

Com base na experiência adquirida ao longo de 27 anos de prática psicoterápica humanista – embasada no referencial teórico da Análise Transacional (AT), passo a analisar alguns aspectos relevantes na direção do bem-estar. A idéia básica é analisarmos de modo sumário e pragmático, os 10 principais processos indutores do mal-estar, objetivando que você, leitor amigo, procure evitá-los em sua vida cotidiana, tanto quanto lhe for possível.

Estou convicto que, se você buscar evitar ou minimizar estes processos – dentro dos recursos de que já dispõe – em sua vida pessoal ou interpessoal, será possível aproximar-se do bem-estar, em vez do vício de passar mal.

OS 10 MEIOS MAIS COMUNS DE PASSAR MAL

Eis os campeões em audiência (como diriam os analistas midiáticos), ou seja, passamos a alinhar os principais processos psíquicos que identificamos como os mais freqüentes indutores ao mal-estar pessoal.

  1. APEGO FORTE
  2. REVERSÃO DE EXPECTATIVAS
  3. NÍVEL ALTO DE EXIGÊNCIAS E/OU DE COBRANÇAS
  4. COMUNICAÇÃO INADEQUADA
  5. CONTRATOS MAL-FEITOS
  6. AUTOESTIMA BAIXA
  7. NÃO VALIDAÇÃO POSITIVA
  8. SENTIMENTO DE CULPA
  9. AUTOPIEDADE
  10. FANTASIAS CATASTRÓFICAS

Estou convicto de que a análise que será efetuada representa um afloramento dos complexos processos inerentes à mente humana e que não pretende, de modo algum, substituir uma psicoterapia, mas servir de estímulo para o autoconhecimento, indispensável ao bem-estar humano. Por outro lado, é óbvio que o ponto de partida para se atingir o bem-estar é a tomada de consciência do que nos faz passar mal, e subseqüentemente, buscarmos a sua evitação sistemática.

  1. APEGO FORTE

Quanto mais apegada uma pessoa esteja a um objeto de amor, mais sofrerá diante das inevitáveis perdas da vida.

Em termos transacionais dizemos que a tristeza é a emoção que advém de uma perda. O investimento de energia psíquica que se faz, ao agregar algo ao nosso Eu, se traduz pelo sentimento de posse.

            EU → MEU (= do meu EU)
I     → MY (em inglês)

“Meu gato de estimação”, quer dizer: o gato do meu EU (estou me referindo ao bichano, não ao “ficante” daquela garota).

O apego forte faz com que, pela morte ou sumiço do animal, sobrevenha uma forte tristeza, diretamente proporcional ao grau do apego.

OPÇÃO DE BEM-ESTAR: convém que, diante das inevitáveis perdas inesperadas da vida quem quiser sofrer menos, precisa treinar o desapego. Como isto é mais fácil dizer do que fazer fica a sugestão de que sejam exercitadas as capacidades de: ACEITAÇÃO DA PERDA (com o mínimo de culpa e de revolta) e a decisão de voltar a passar bem, apesar da perda.

Decorrido o tempo necessário para que o desapego progressivo ocorra, retorna a energia corporal, criando condição para o recomeço ou retorno à própria vida normal com entusiasmo de viver. Assim esperamos.

  • REVERSÃO DE EXPECTATIVAS

Na esmagadora maioria das vezes em que criamos uma expectativa em cima de algo ou de alguém, corremos o risco de só vir a passar bem, se e enquanto estiver sendo cumprida a mencionada expectativa.

Por outro lado, a reversão da expectativa é um fator significante no mal-estar humano, pois quanto maior for a nossa expectativa, maior será o sofrimento.

De início surge uma negação: “Não acredito!” depois, com ou sem culpa, chega-se a uma revolta que, em termos de AT, é raiva. Todavia, com a mesma velocidade que atingiu a raiva, uma tristeza acaba por aparecer que poderá ser mantida por pensamentos derrotistas, com a sensação de desalento ou desespero por não ter tido as suas expectativas cumpridas.

OPÇÃO DE BEM-ESTAR – Ter sempre em mente que quem nos faz passar mal não é o outro – como dizia Sartre: “O inferno é o outro” – mas a nossa expectativa projetada numa determinada pessoa. Aliás, um bom antídoto contra a reversão de expectativas é ter me mente que “ninguém nasceu para cumprir as nossas expectativas, senão nós próprios”.

Desenvolva, pois, leitor amigo, a habilidade de dosar suas expectativas. Agindo assim você se candidatará a interferir significativamente em uma das maiores fontes do mal-estar e habituando-se a buscar o seu bem-estar pessoal.

  • NÍVEL ALTO DE EXIGÊNCIAS E/OU DE COBRANÇAS

Com certeza, constituem duas variáveis que predispõem ao mal-estar: EXIGÊNCIAS OU COBRANÇAS. Naturalmente que o seu maior ou menor sofrimento dependerá do nível de intensidade com que você se exige ou se cobre.

OPÇÃO DE BEM-ESTAR – Procurar reduzir ao mínimo, as suas cobranças ou exigências é o ponto de partida na direção de um bem-estar autossustentável. Quando esta redução for alcançada e se apresentar em uma baixa freqüência em sua vida, as suas chances de passar bem e de viver em paz serão bem altas. Confira!

  • COMUNICAÇÃO INADEQUADA

É talvez a causa de mal-estar mais prevalente nas relações interpessoais. Como o ser humano é por excelência relacional, a comunicação inadequada está na base dos conflitos no lar, no trabalho, na escola e nos encontros sociais.

Em termos de A.T. a TRANSAÇÃO é a unidade de comunicação interpessoal e consiste no estímulo verbal do emissor e a respectiva resposta do receptor.

Pelas leis da comunicação, fica claro que as Transações Cruzadas – vulgarmente, dar uma cortada ou “uma dura” no outro, e as Transações ocultas, cujo efeito ulterior ou subliminar equivale a falar de modo indireto ou “dar uma indireta”, ambas as Transações são convites ao mal-estar nas relações humanas.

OPÇÃO DE BEM-ESTAR – evitar utilizar as Transações Cruzadas e as ocultas no seu cotidiano, preferindo sempre usar as comunicações diretas. Assim agindo, e possível se impedir de aflorar os maus sentimentos que usualmente ocorrem nas relações humanas.

É digno de atenção que o peso da mensagem não verbal (gestos, tons de voz, caras e bocas) equivale a 93%, enquanto que as palavras valem apenas 7% da comunicação final (Mehabian, 1971).

Assim, para optar por uma comunicação saudável, convém estar atento que o resultado final depende muito mais do como, você diz, que daquilo que você diz. Esmere-se, pois em aprimorar a sua comunicação, e… passe bem.

  • CONTRATOS MALFEITOS

É incrível como, um sem número de situações de mal-estar do nosso dia-a-dia, resultam de contratos mal-feitos que a pessoa nem se dá conta. Todas as interações nas áreas casal, família, profissional, acadêmica e social acabam por gerar compromissos. Cada um destes constitui um contrato não formalizado, nem escrito – tais como os contratos comerciais. Na maioria das vezes, são estabelecidos combinados, pactos e compromissos, nos quais os subentendidos geram mal-entendidos.

A razão destes desentendimentos está em contratos mal-feitos ou vagamente definidos. Ex. Vou te ver este ano no dia 29 de fevereiro (Hora? Onde? Para que?).

OPÇÃO DE BEM-ESTAR – Tudo que é bem pactuado, de modo claro e previamente acertado, dentro de uma perspectiva ganha-ganha tende a gerar bons sentimentos. Ex.: Você será “minha ficante” com exclusividade. Nem eu nem você ficaremos com outra pessoa, até novo pacto.

Até mesmo na contratação informal de um serviço profissional, o preço combinado não é caro nem barato. É o justo e contratado.

  • AUTOESTIMA BAIXA

O sentimento de menos-valia é uma falta de amor-próprio, também conhecido como AUTOESTIMA BAIXA. Provoca um mal-estar variável de pessoa para pessoa, comparável a um vazio dentro de si. Este vácuo gera a incômoda sensação de insegurança, inquietação e até mesmo de inadequação, ou seja, sentir-se um peixe fora d’água.

O rebaixamento da autoestima afeta a própria identidade pessoal, produzindo uma cratera na nossa alma, um vazio interior que não raro leva o indivíduo a ter vergonha de si mesmo.

OPÇÃO DE BEM-ESTAR – O ideal seria uma psicoterapia visando o melhor autoconhecimento e uma crescente conscientização do seu valor próprio com a superação dos seus problemas de identidade pessoal. Houve, certamente, problemas ou traumas de infância que culminaram com a recorrente dificuldade em ser um indivíduo reconhecido, aceito e amado incondicionalmente, isto é, pelo que é e não pelo que faz ou pelo que tem.

Na vida adulta é sempre possível haver uma modificação da autoimagem corporal, mediante uma ginástica e/ou reeducação alimentar, moldando-se assim um novo físico. Isto trará repercussões sensíveis para o seu eu, pois, um corpo que muda é um ego que muda.

Como você não precisa ficar aprisionado no seu passado, monitore-se minuto a minuto a minuto, no aqui-e-agora, e contraponha mensagens positivas para cada negativa que surgir na sua mente. A mudança do seu Sistema de Crenças começa por aí, até a incorporação da idéia de que é possível aceitar-se do modo que você é com suas virtudes e limitações.

Assim, você poderá abrir caminho para passar bem, mediante a cura da criança interior com sua autoestima ferida. Vai valer à pena, confira!

  • NÃO VALIDAÇÃO POSITIVA

Todo ser humano tem várias “Fomes Psicológicas”, entre as quais a de estímulos e também de reconhecimento ou de validação, de acordo com Eric Berne – o genial criador da Análise Transacional (AT) que as designou com a palavra CARÍCIAS, definindo-as como sendo: “as unidades do reconhecimento social”.

Em outros termos, o que estamos aqui chamando de validação representa todos os estímulos sociais que são dirigidos de uma pessoa para outra que dê a entender que reconhece a sua existência ou não ignora a sua presença. Pode ser um aceno, um aperto de mão, um cumprimento verbal ou um sorriso. Como se trata de estímulos intencionais que emergem na comunicação humana, podem produzir mal-estar em duas situações previsíveis:

(1ª) Quando o estímulo gera maus-sentimentos, decorrentes de medo, raiva ou tristeza, é porque houve validação negativa ou rebaixamento em sua AUTOESTIMA.

(2ª) Quando o estímulo emitido visando o reconhecimento social foi ignorado ou não correspondido, não ocorreu à validação positiva e a pessoa se sente desqualificada e desconsiderada.

Além do mal-estar decorrente da não validação positiva, é bem provável que vá se queixar ao “pai social”:

 “sua secretária é sem educação! Dei BOM DIA e ela não me respondeu”.

OPÇÃO DE BEM-ESTAR – Procurar sempre intercambiar estímulos positivos, é uma garantia de sentir-se validado positivamente.

Em outros termos, quando a pessoa dispõe de uma rede de amigos e colegas, além dos familiares, é provável que o bem-estar seja automático e habitual. Se a “bateria caricial” estiver bem carregada, os eventuais contatos em que não ocorreu a validação positiva, poderão ser melhor assimilados.

Caso você, leitor amigo, observar que estes episódios de não validação positiva se tornaram frequentes, busque uma ajuda psicoterápica para descobrir qual a sua participação efetiva neste processo. Opte sempre pelo bem-estar.

  • SENTIMENTO DE CULPA

Este é, sem dúvida, um dos maiores parasitas do bem-estar humano. 

A culpa advém de um diálogo interno maldito entre a censura que emana do seu ego parental (pai interno) e o sensível ego Criança. Correspondem a verdadeiras “vozes na cabeça” que travam uma batalha no palco da consciência. Trata-se de um diálogo improdutivo que consome energia e induz mal-estar.

No modelo Transacional da personalidade humana, do ego-tripartido, o Pai Crítico Negativo da pessoa acusa, implacavelmente e “surra” a Criança Submissa.

A Criança Submissa sofre com medo ao castigo, e ao invés de encontrar um Pai Protetor, que tome o seu partido, se defronta com um verdadeiro “INIMIGO” dentro da cabeça. Quem tem um Pai Crítico Negativo destes, nem precisa de inimigos fora! O Adulto fica de fora.

O mal-estar se instala como um processo de autoacusação impiedosa. Enquanto “remói o juízo”, o sono passa e o sofrimento se agrava com o crescente sentimento de CULPA ou de REMORSO.

OPÇÃO DE BEM-ESTAR – A solução para se libertar deste sentimento de culpa é aceitar que errou e que se pode aprender com o erro. Além de aprender esta lição de vida, é importante a devida reparação do dano causado, assumindo a responsabilidade pelo malfeito.

Observando no modelo tripartido dos nossos Estados de Ego – Pai, Adulto e Criança – como fica bem fácil de se verificar que é necessário introduzir no circuito da autoacusação, a parte racional do nosso eu (= Ego Adulto).

Interrompendo o diálogo maldito com o Adulto mais o Pai Protetor interno, assumindo no aqui-e-agora – a responsabilidade pelo erro, e solucionado o problema ou se comprometendo a solucioná-lo, a pessoa pode voltar a passar bem.

Este exercício de saída da culpa precisa ser treinado até se converter em um hábito de estar-bem, apesar de nos reconhecermos como o ser da falta e das carências, o que não nos impede de sermos felizes.

  • AUTOPIEDADE

É outro diálogo interno pernicioso ao nosso bem-estar. Trata-se de um sentimento de autocomiseração ou “pena de si mesmo”.

Na autopiedade, é como se um Pai Protetor Interno Negativo (PP-) tivesse uma atuação superprotetora, diante dos apelos da Criança Submissa (CS) que pede colo o tempo todo e se lamuria como uma vítima de algo da vida ou de alguém.

Este sentimento de AUTOPIEDADE é improdutivo, tanto quanto o de culpa. A diferença é que o sentimento de “coitadinho”, “pobre de mim” ou de vítima de tudo e de todos imobiliza a pessoa. A sensação é como se houvesse uma conspiração cósmica contra si e a sensação de mal-estar se instala e pode demorar de passar.

OPÇÃO DE BEM-ESTAR – De novo, verificamos que a parte lógica ou racional do nosso eu (= ego Adulto) está fora desta conversa entre o Pai Protetor Negativo e a Criança Submissa, vitimóide e pedindo lástima.

Ao cortar, com o Adulto, o Diálogo Interno de autopiedade, a tensão interna cede lugar ao bem-estar. Ademais, com duas perguntas do Adulto, verdadeiro apelo à razão, é possível sair deste diálogo interno maldito e um encaminhamento a um maior crescimento pessoal.

 Por que e para que estou nesta tortura mental?

 De que opções disponho, para sair deste diálogo torturante?

Aí é só optar pela melhor alternativa.

  1. FANTASIAS CATASTRÓFICAS

O ser humano se vicia em passar mal de várias maneiras. Além de todas as mencionadas acima, costuma entrar em INDECISÕES e ELABORAR FANTASIAS CASTATRÓFICAS, dos resultados possíveis e imagináveis.

Como na maioria das vezes “não há problemas, há indecisões”, o passo inicial será tomar alguma decisão. E, só em sair do impasse…

 faço / não faço?

 quero / não quero?

 separo / não separo?

Já é meio caminho andado para se sair do mal-estar.

OPÇÃO DE BEM-ESTAR

Depois de sair do mal-estar, o passo seguinte é buscar se livrar das FANTASIAS CASTATRÓFICAS. A chave é ter em mente uma verdade facilmente verificável, na vida prática.

“NA FANTASIA SOFREMOS MUITO MAIS, DO QUE PELA REALIDADE FACTUAL”

Com efeito, o medo de tirar o dente é pior do que a extração do dente…

O medo do parto é pior do que o parto.

As fantasias castastróficas de sua primeira vez – dirigindo carro, falando em público, fazendo o vestibular, tendo um contato íntimo com determinada pessoa etc. – foram, com certeza, piores que estas mencionadas experiências.

Conseguindo domar esta temível ansiedade antecipatória, você estará no caminho da opção pelo bem-estar.

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